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Terapia Ortomolecular em Alagoas: inviável ou pouco conhecida?

  • Gabriela Garrido
  • 8 de mar. de 2017
  • 5 min de leitura

No trabalho, faltar por doença é sinônimo de pendências. Na faculdade, notas baixas. Para a estudante de Relações Públicas, Fernanda Bezerra, o sentimento é de incapacidade. Ela vive esse dilema quase todos os meses: acordar e realizar sua rotina como todo ser humano às vezes parece ser uma tarefa difícil. Para não ter prejuízos no trabalho e na faculdade, a prioridade é não esquecer de tomar os remédios, mas segundo Fernanda, o pior mesmo é não ter a alternativa que gostaria para tratar sua doença: a asma.

Era março de 2002 , Fernanda tinha apenas 9 anos e lembra remotamente que vinha tendo tosses há dias. Seus familiares notaram que havia algo estranho, mas a preocupação só veio mais tarde. Numa noite, quando a tosse não tinha mais intervalo, ela acordou sem fôlego e teve que ser levada às pressas para o hospital.

Mesmo se protegendo contra as alergias e tomando remédios, ela não ficou isenta das crises. A dependência dos medicamentos durante 13 anos lhe trouxe algo pior: ano passado ela levou um susto após descobrir em exames de rotina vários nódulos no seio causados pelos esteroides -composto químico contido nos remédios para asma. O imprevisto fez a estudante repensar a vida e procurar por tratamentos alternativos naturais como a terapia ortomolecular.

A TERAPIA ORTOMOLECULAR

Arte: Gabriela Garrido

A especialista em tratamento ortomolecular, Jalhdelene Madeiros, formada pela Universidade Estadual da Paraiba (UFPB) em Farmácia, explica que a terapia tem conseguido resultados positivos na intervenção da asma, que geralmente acomete pessoas com deficiência de vitaminas e enfraquecimento imunológico.

A consulta é detalhada e investiga as desordens gerais do organismo. De acordo com o resultado dos exames baseados na análise de um fio de cabelo ou do sangue, por exemplo, o paciente recebe a prescrição de formulações individualizadas para a correção dos males ou desequilíbrio das funções vitais do organismo, além da correção de hábitos alimentares.

No entanto, as consultas, de maioria particular, e a manipulação dos remédios são caros. Fatores que fazem a terapia ser menos acessível para algumas pessoas. [endif]

MUITA SAÚDE PARA POUCO BOLSO

Em Alagoas, os poucos profissionais disponíveis na área cobram entre R$ 200 e 500 por consulta, preços considerados altos por muitos pacientes. Jalhdelene Madeiros, que atende em dois consultórios em Maceió, não mente. É uma terapia cara. “Dependendo da necessidade do paciente, os suplementos e alguns exames podem chegar a mais de mil reais”, afirma.

Durante a reportagem, a especialista ainda ressaltou que a terapia é pouco conhecida no estado e que ao contrário daqui, na região sudeste chega a ser comum, porque as pessoas estão sempre preocupadas com a estética.

Em alguns hospitais públicos do Brasil a terapia já é aplicada. É o caso, por exemplo, do Rio de Janeiro, onde a deputada Inês Pandeló (PT), criou um projeto de lei de Nº 5471 em 10 de junho de 2009, que possibilitou a criação de um programa que proporcionasse a prática de terapias naturais em hospitais públicos. Quando questionada, a Secretaria de Saúde de Alagoas (Sesau), justificou a falta da terapia no SUS por não ter médicos adeptos à área.

A Assessora técnica de Atenção Primária e Ações Estratégicas da Sesau, Heloísa Bandini, informou à reportagem por e-mail, que considera inviável estender a terapia como atendimento ou fazer qualquer investimento na área. No Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) não há registro de nenhum médico Homeopata, especializados em terapias naturais. Foram identificados apenas 23 médicos acupunturistas e 3 nutrólogos .

UM PRATO DE REMÉDIO POR UM PRATO DE COMIDA

Ao saber da falta da terapia na rede pública, Fernanda Bezerra, que estava à procura do tratamento, ficou desanimada. Ela é uma dos 20 milhões de brasileiros que possuem asma segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia( SBPT) e viu na terapia ortomolecular uma esperança para fugir da sua “refeição de remédios” pela manhã.

“Eu esperava que existisse o tratamento na rede pública porque não tenho condições de fazer particular. Mas na relação custo-benefício seria viável pra mim que trocaria meus remédios por uma terapia natural e adequada a meu organismo’’, garante Fernanda, que agora pretende conseguir recursos para realizar o tratamento particular.

Jalhdelene Madeiros acredita que a terapia deveria fazer parte dos atendimentos na rede pública pois muitos são os casos iguais o de Fernanda, que não tem recursos para o tratamento particular. Por isso, a terapia não pode mais ser vista como alternativa, mas sim como uma opção de tratamento para muitos pacientes. Na visão dela o problema é na cultura e hábitos do país, onde a prevenção é essencialmente curativa e quase nunca preventiva.

É com esse incentivo que a estudante estabeleceu uma meta para sua saúde, evitar outras doenças agora é a principal. Ela tem esperança que mais pessoas tenham consciência do poder de uma boa alimentação.

"Se antes eu soubesse da importância da alimentação talvez

não tivesse tomado tantos remédios. Hoje tenho consciência

que devo ter uma alimentação mais regrada. Já troco a Vitamina C pelo suco de laranja. Bem melhor agora que não vou ter que preparar um discurso para o chefe (risos) ”, brinca a estudante.

ESTÉTICA

Apesar do grande número de asmáticos na população brasileira, a doença não é a principal procura pela prática da terapia. Com o objetivo de aliar a boa forma com a alimentação

balanceada, a terapia ortomolecular [endif]--conquistou o coração, ou melhor, a balança de muitas mulheres.

A empresária Meives Gomes, 43 anos, faz o tratamento há cerca de 5 meses e já sente a diferença. Ela perdeu 10 quilos com ajuda do tratamento e atividades físicas. Segundo a empresária, o interesse apareceu quando percebeu que estava com o colesterol alto. “Procurei a maneira mais saudável de me cuidar e aproveitei para perder uns quilinhos. O mais interessante foi a médica não cortar quase nada do que comia, apenas adaptou as quantidades ao meu organismo", conta . ![endif]--

Assim como Fernanda, a paciente Meives tem a imunidade baixa. As duas são deficientes de vitamina D, responsável pela absorção de outras vitaminas e minerais. Nesse caso, a terapia ortomolecular age nas necessidades do corpo, preenchendo os desfalques com as quantidades certas de nutrientes. Jalhdelene explicou que por mais que a terapia seja procurada por pessoas com desordens nutricionais e psíquicas tais como obesidade, fadiga e depressão, por exemplo, mais tarde acabam descobrindo deficiência de algum nutriente sendo as mais comuns: vit D, cálcio, ferro, vit C e cromo.

Na busca de explicações para entender a ação da terapia no corpo dos pacientes, diversos médicos realizaram pesquisas. Dentre elas, um artigo elaborado pelos Cardiologistas do Rio Grande do Sul, Luis Beck e Jorge Ribeiro, evidenciou que substancias contidas em frutas e legumes reduziram o risco de câncer e doenças cardiovasculares, sugerindo que a pratica ortomolecular pode ser eficaz, deixam claro que ainda pode ser cedo para provar a eficácia do tratamento. A conclusão foi divulgada após os médicos constatarem que ainda existem poucos estudos ligados a terapia. Para eles é preciso esperar uma comprovação do real benefício da ortomolecular.

As terapias naturais ainda estão crescendo, cada uma ocupando seu espaço. A ortomolecular, a pesar de pouco conhecida e inacessível para alguns, continua sendo a esperança para outros, com seu poder de aliar a melhora estética com a correção dos males ou equilíbrio das funções vitais do organismo ela tem sido a prioridade para muitos pacientes e até uma forma de precaução contra doenças.

Confira entrevistas e saiba mais sobre o assunto:


 
 
 

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