Glúten: a proteína restrita
- Rafaella Ramos e Stéphanie Lourenço
- 12 de abr. de 2017
- 4 min de leitura
Quem nunca ouviu falar no famoso glúten? Pouco se sabe realmente quais são os benefícios e problemas que ele causa. O glúten é um composto de proteínas encontrado na farinha de trigo, na aveia, no centeio, na cevada e no malte.

De tempos para cá ficou popular a dieta sem glúten, que exclui esse ingrediente da alimentação, com o objetivo de emagrecer. Mas quem realmente precisa retirar esta substância da dieta são os pacientes celíacos. Cerca de 1% da população mundial possui a doença celíaca. Nela, o glúten não é bem aceito pelo intestino. Quando ele chega ao órgão desses pacientes, desencadeia uma reação do sistema imunológico, que destaca células de defesa para atacar a região. Os sintomas são dor e inchaço abdominal e diarreia.
Para a especialista em nutrição clínica de alta complexidade, Fernanda Carvalhal, os benefícios do glúten estão relacionados com a ingestão de qualquer tipo de proteína. Seja ela de origem animal como carnes, aves, leite, derivados ou suplementos protéicos, já que as proteínas estão relacionadas a formação das células do tecido muscular, do tecido da pele, da imunidade e das taxas hormonais. Para uma pessoa que não tem alergia a ingestão do glúten, não há nenhum tipo de malefício. Antigamente uma grande parcela da população não era diagnosticada com a doença celíaca, por uma limitação da ciência. Hoje, com os avanços tecnológicos, podemos notar a diferença desde lojas especializadas, informações na internet e exames que acusam a alergia a proteína.
Fernanda, alerta: "Para crianças e adolescentes celíacos, a ingestão da proteína pode causar déficit no crescimento e desenvolvimento. Nos adultos pode causar anemia, sintomas relacionados a desnutrição , alterações hormonais, como por exemplo, as mulheres no ciclo menstrual." Com isso, vale ter atenção e respeito ao seu corpo.
CELÍACA AOS 52
É o caso da Sandra Marie, que se descobriu celíaca há cerca de dois anos e foi obrigada a aderir à dieta sem glúten por uma boa causa. ‘’Há dois anos, quando eu descobri que sofria dessa doença, minha vida mudou completamente e tive que passar por um grande e difícil período de readaptação alimentar’’, disse.
Para Sandra, sua maior dificuldade foi aderir a dieta sendo a única que sofria com a doença celíaca dentro de casa. ‘’Aos 52 anos ter que aderir um novo estilo de vida por motivos de saúde não é fácil. O principal problema não é nem a retirada em si do glúten da dieta e sim a contaminação cruzada, porque celíacos não toleram nada’’, completou.
Em solidariedade á mãe, a filha e estudante de nutrição Charlotte Marie, decidiram aderir também à dieta do glúten por opção. Além de querer dar um apoio a sua mãe, ela também queria sentir na pele as dificuldades que os celíacos passam com as restrições alimentares. A estudante também vem criando receitas sem a proteína para facilitar a alimentação de ambas.

‘’Tudo começou porque vi que minha mãe estava sentindo muita dificuldade em aderir a dieta sem o glúten e principalmente porque era só ela aqui em casa. Como curso nutrição, sei os perigos que a exposição ao glúten causa em pacientes celíacos e pensei em retirar a proteína da minha dieta e criar receitas para ela não se sentir sozinha’’.
''A falta de informações das pessoas acabam prejudicando o tratamento e desestimulado os pacientes celíacos.''
Para a estudante, sua opção de restringir o glúten foi essencial para a melhoria e apoio a sua mãe. Charlotte afirma que a falta de informações das pessoas acabam prejudicando o tratamento e desestimulado os pacientes celíacos a seguir com a dieta, por mais que se faça necessária. ‘’Para ela – minha mãe – é um sacrifício enorme e ela espera ver os resultados disso’’, concluiu.
CONTÉM GLÚTEN
Alguns alimentos que são considerados os queridinhos pelos consumidores, são algumas principais fontes de glúten, cevada ou centeio como bolachas, bolos, biscoitos,

pães, torradas, cervejas e qualquer massa que leve farinha de trigo, como a massa de pizza e o macarrão, por exemplo.
No geral, consumimos muitos produtos derivados do trigo, o que faz com que o glúten seja consumido em grande quantidade. Além disso, bebidas como cerveja e whisky também contêm glúten, pois são feitas a partir do malte da cevada.

53% das pessoas, acham mais saudável uma dieta sem glúten.
CELÍACOS TEM DIREITO
Existe uma associação que dá apoio aos que sofrem da doença celíaca. A ACELBRA está presente em grande parte do território brasileiro dando o suporte e o entendimento necessário para os celíacos brasileiros. A finalidade da entidade é promover a integração, orientação e a defesa dos direitos e interesses dos Celíacos. Para mais informações clique aqui.
Também existe uma lei que protege o direito dos celíacos. A Lei nº 10.647, obriga aos fabricantes da indústria alimentícia a escrever se contém ou não contém glúten nas embalagens de todos os alimentos industrializados. A regra geral é que o rótulo do alimento contenha informações de forma legível, clara e precisa, sobre todos os seus componentes.
Vale ressaltar que, na visão clínica, alimentos ricos em glúten, dentro de uma dieta equilibrada, trazem benefícios para a saúde e não se deve tirar o glúten por estética e sim por necessidade
Veja também: 7 sinais que você pode ter intolerância ao glúten
No vídeo abaixo, você pode conferir uma reportagem exibida pelo Fantástico com o Dr. Dráuzio Varella, sobre o glúten.
Comments